quinta-feira, 22 de abril de 2010

A NATUREZA HUMANA E O GARIMPO

Nunca acreditei que pudesse realmente existir o que chamamos de "mau olhado".
Sempre preferi acreditar que ninguém pudesse ter uma intenção desse tipo, até o momento em que presenciei uma cena que me provou o contrario. Certa vez, estava viajando a passeio na casa de um amigo meu, e logo que acordei fui abordado pelo caseiro que, surpreso me contou uma história. Disse que no dia anterior ele estava no jardim podando a grama quando um funcionário de uma companhia telefônica subiu num poste bem ao lado do muro da casa desse meu amigo, para algum conserto. Olhando o jardim que tem na casa desse meu amigo, o tal funcionário comentou sobre um dos pés de algodão que tem lá.

-Que árvore linda!
Falou apontando para o pé de algodão
-Que planta linda, que árvore é?
Falou outra vez e mais uma vez comentou:
-Nunca vi uma planta tão bonita.

Após esse relato, esse caseiro me levou até o tal pé de algodão.
Fiquei perplexo com a cena.
Não havia uma só folha presa aos galhos da planta, enquanto as outras ao redor estavam perfeitas e com vida.
Através dessa história vivida, posso definir claramente o conceito da energia em que acredito. Energia esta que nos rodeia e nos constrói.
Convivemos a todo o momento com o positivo e com o negativo.
E podemos estar abertos ou não a essas energias
A escolha é nossa, só nossa!



Sempre achei a natureza humana uma das coisas mais interessantes.
Penso que a pluralidade de personalidades e de naturezas é uma das riquezas da humanidade. O fato de sermos distintos um dos outros, únicos, enriquece a nossa espécie e possibilita experiências diversas através do encontro e confronto das semelhanças e diferenças.
Observar a diversidade, o alegre, o falso, o prepotente, o amigo, o maldoso, o invejoso, o calado, o bem-humorado, o mau-caráter, para mim é diversão e aprendizagem.
Por ser um músico talvez, sempre estive mais exposto à troca de energias diversas. E também por causa disso, me acostumei desde cedo a interagir com todo tipo de gente.
Da mesma forma como compreendi o amor, a admiração e a paixão pelo o que eu faço, compreendi também a inveja, o despeito, o ciúme. E transito entre esses sentimentos da maneira mais leve possível.

Do pouco que sabemos de nós mesmos, podemos imaginar que temos dentro de nós todo tipo de sentimento e energia.
Temos em nós tudo bem e também do mal.
Por causa de uma determinação genética aliada à maneira como a nossa vida vai se conduzindo, vamos construindo a nossa natureza individual. A nossa criação, o ambiente familiar, o nosso círculo de amizades, as situações que passamos, os traumas, as conquistas, as derrotas e vitórias, tudo que vamos vivendo é determinante no desenho do nosso caráter e da maneira como nos comportamos com o outro e com o mundo.
Define-se aí o equilíbrio do bem e do mal que temos dentro da gente.
Há, portanto, pessoas boas e pessoas ruins na sua própria essência.
São assim.
Cada uma, fruto da sua própria genética e vivências.
Isso é um fato.

Há pessoas que estão aqui para nos trazer boas energias e bons momentos.
Há também aquelas que só carregam dentro de si o que há de ruim e só têm o negativo a nos oferecer.
Há os honestos, os de caráter, os justos e fiéis.
Há também os hipócritas, os falsos, os dissimulados e vazios.
Há os felizes, os de boa alma, os alegres e satisfeitos com a sua própria vida.
Há também os tristes, os de natureza ruim, os revoltados e infelizes com a sua própria história.


O entendimento dessa diversidade e de que existe todo tipo de gente ao nosso redor, nos faz viver melhor. Nos torna seletivos e mais atentos na escolha daqueles que de verdade poderão compartilhar do nosso convívio, da nossa energia e da nossa presença.
Na verdade, considerando quantos somos no mundo, temos contato com poucas pessoas durante a nossa vida. E é desses poucos contatos - uns mais próximos e intensos, outros mais rápidos e periféricos - que construímos o nosso universo pessoal de relacionamento e de felicidade.


De todos os encontros que já vivi profissionais, pessoais, extraí algumas lições:
A felicidade de estar aí e é para todos, mas, muitos poucos conseguem realmente alcança-la.
Não estamos aqui para agradar a gregos e troianos. Precisamos é nos agradar antes de tudo. Estarmos felizes é o que importa.
Não precisamos dar ouvidos às pessoas sem vida, vazias, que passam a vida tentando se completar atacando e observando descaradamente a vida dos outros. Esse tipo de gente nada tem a nos acrescentar. São pessoas de espírito pobre e alma pequena. São tipos que não conseguiram ser nada na vida e por causa disso perdem a sua vida invejando as dos outros.
Não temos a obrigação de compartilhar a nossa vida ou de ser amigo de alguém que não nos faça bem.
O que deve mover a nossa vida é a nossa consciência e não a consciência dos outros.
Vivemos em grupo, em sociedade, mas só cada um de nós sabe o que é melhor para si.


Isso tudo porque a nossa vida é única.
Isso tudo porque estamos todos aqui para encontrar a felicidade.
Isso tudo porque existem pessoas muito boas pelo mundo e esse é o nosso maior garimpo: encontra-las!
Encontra-las é um garimpo diário.
Encontra-las é um garimpo constante.


Com este garimpo bem feito, jamais perderemos nossas folhas por causa de qualquer "mau olhado".
Cercado de pessoas do bem e construindo ao nosso redor um ambiente positivo e verdadeiro, estaremos imunes a todo tipo de energia ruim.
Todo esse mal, todo o veneno destilado, todo desejo ruim retornará para o mesmo lugar de onde partiu.
E lá permanecerá.

Doug
Nada Como Viver!!!
22 de Abril de 2010