segunda-feira, 26 de abril de 2010

- E POR ISSO, ANDO -



"Mas ainda prefiro tormento com vida, prazer, acontecimento, do que uma serenidade fria, distante, omissa de si mesmo.
Quero, claro, como qualquer pessoa, ação e serenidade, bem dosadas, paixão e tranquilidade.
Quero tudo como qualquer ser humano, qualquer santo, qualquer pilantra.
Confesso: sou um homem que gosta de tempestade, cinzas, tormentas, chuvas.
Opto quase sempre pela estrada, ainda que sinuosa, ainda que sob a chuva.
Opto por descobrir como é o mundo depois daquela curvinha ali na frente.
E por isso ando.
Canso, me machuco, dou com pedras, buracos, mas também flores, paisagens e, claro, a caminhada, pois ela por si mesmo se completa em gozo.
E me chove por dentro sempre que fico nesse espaço entre o desejo realizado e o negado, a dor de não declarar ou de declarar o amor e ele não ter jeito.
Talvez eu seja mesmo um astronauta, que navega num espaço ser ar nem gravidade, mas onde vê melhor as estrelas.
Uma terra arada, que dá fruto, uma fruta lacerada, mas provada; um beijo faltante, mas compartilhado.
Talvez eu acabe tolerando uma mutilação qualquer, como de algum modo mutila qualquer coisa que acontece.
Quero até que seja pequena, a menos danosa que for possível correr, mas sei que qualquer caminho tem um custo, qualquer opção sua cota de dor, qualquer amor, qualquer paixão, qualquer refeição, sua cota de cortar, e qualquer corte sua cota de saudade, saudade do que não é mais, do que poderia ser, do que é agora.
Cada corte, cada toque, muda o mundo."


Trecho de Mutilações de William Douglas

Recebi esse texto agora a pouco de Fernanda, via e-mail:

"Oi Doug,
Enquanto espero o dia feliz em que voltarei a bater ponto nos seus shows de louvores a DEUS (hahaha), vou acompanhando seu blog, suas entrevistas, etc; e hoje mesmo estava lendo um trecho de um texto parecido com você.
Resumindo: "Nada como Viver" ;-)
Sempre me lembro de você se referindo a essa duplicidade, essa necessidade de viver a dor apesar de _______________
Saudade viu! ;-)
Fernanda "




Fernanda,
Foi na mosca!
Um beijão
Doug



Acabei de receber esse texto de Duda, da cidade de Orlando nos EUA via e-mail.


"O homem que só queria viver!!!
Conheci um homem que me ensinou que viver não é ficar sentado no trem que já conduz a nossa vida quando nascemos!
Conheci um homem que cedo me ensinou possivelmente até sem dar conta, que não somos o que os outros esperam de nós, a partir do momento em que nós próprios nos permitimos isso!
Esse homem tinha um mundo distante, construído pelas suas próprias experiências, onde levitava sozinho entre sonhos, dúvidas, emoções fortes e imaginários muitas vezes cogitadas ao mais profundo detalhe.
Esse ser humano (sim!) saía desse mundo distante à procura de um polo atrativo confirmatório de que tudo isso existe e, então, rumava ao seu mundo distante, acompanhado, permitido aos outros levitarem.
Assim ensinou paixões, amores e desamores, desejos cumpridos que enchessem os olhos de estrelas, ou a boca de dissabores.
Ensinou seres a tocarem-se de forma diferente, a sentirem-se juntos estando distantes e até o vice-versa, quando sozinho rumava entre multidões, carregando apenas a sua mochila de sonhos - o homem "cidade solidão"!
Conheci um homem que se parecia com a lua - por vezes, inflado, cheio, até ofuscante e rindo de suas próprias crateras, por vezes sumido minguamente até não mais ser visto, e voltando crescente dessa "lua nova" (em que não o vejo, mas sei que ele lá está), renovado, preparado, cheio de novos sonhos, dúvidas, emoções fortes e imaginários muitas vezes cogitados ao mais profundo detalhe.
Nesse ciclo, que jamais algum dia se tornará repetitivo/monótono, esse homem não tentou ensinar ninguém a levitar como ele, nem pretendeu que alguém entendesse esse processo.
Foi com esse homem que eu me dei conta de que ser arrojado e saltar a fogueira, vale muito mais do que ver o fogo de longe sem poder sentir o calor, sem deixar que os olhos percebam o amarelo, o laranja, o vermelho, o azul das chamas... Ao pormenor!
Ele também me ensinou que isso tudo só vale a pena e faz sentido quando é o que buscamos para o nosso traçado! E que o ato de querer que nós façamos sentidos, não faz sentido!!!
Ele ensinou-me que transitoriamente (porque a vida assim o obriga) podemos ser tudo aquilo que quisermos desde que, não esperamos que alguém trouxesse o pacote pronto desse "destino" como presente!
Esse homem, eterno menino, ensinou-me que não precisamos estar dentro de uma armadura ou de uma concha para nos protegermos.
Ensinou-me que o simples fato de sermos uma unidade, um mundo particular, já nos cria uma bolha que nos protege dos toques que não queremos, dos olhares que não vamos retribuir, das mãos que não queremos apertar e das palavras que não vamos querer lembrar mais tarde.
Ainda que isso possa escapar-nos, esse homem ensinou-me que isso não é grave, que não há problema, pois naquele jeito de ser único, diferente, arrojado e corajoso que conseguimos ser, não penetrará nada a fundo que nós não deixemos. Porque, repito, ensinou-me a não ficar sentada no trem que já conduz a nossa vida quando nascemos!
Talvez esse homem tenha me ensinado o verdadeiro valor da vida e me tenha incentivado a existir de uma forma que eu não tivesse almejado sozinha.
Isso ainda bem precocemente!
Ele, tão profundo, que às vezes se confunde na imensidão do seu próprio ser, faz parte daquilo do que hoje eu sou.
É aquele homem que um dia me disse que só viverá enquanto valer a pena, e que deixou essa frase na minha mente até hoje, até sempre!
Esse foi o homem que eu imortalizei ainda em vida, que eu embalsamei em movimento...
Esse homem é aquele que, na minha vida, nunca irá morrer!
Esse homem é você Doug, que fez a minha vida ganhar sentido.
Esse homem é você Doug, que mesmo sem saber, emana vibrações positivas a cada coração ao seu redor.
Esse homem é você Doug, que eu vou querer sempre, mesmo que a distância faça parte da minha vida.
O infinito é pouco pra tudo isso!
Amo-te muito!!!
Duda"




Duda,
Você sabe mesmo como mexer com as minhas estruturas...
Você sempre será um dos motivos da minha felicidade.
Te amo!
Doug


Doug
Nada Como Viver!!!
24 de Abril de 2010