sábado, 25 de junho de 2011

-“COMO ESQUECER” – Leitura obrigatória para os que amam…-

COMO ESQUECER, de Miguel Esteves Cardoso



“Como é que se esquece alguém que se ama?
Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver?
Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar?
Quando alguém morre, quando alguém se separa, como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já não está lá?
As pessoas têm de morrer, os amores de acabar.
As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar.
Sim, mas como se faz?
Como se esquece?
Devagar. É preciso esquecer devagar.
Se uma pessoa tente esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre.
Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas!
É preciso aguentar.
Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar.
A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente.
É preciso paciência.
O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada.
Ninguém aguenta a dor.
De cabeça ou de coração.
Ninguém aguenta estar triste.
Ninguém aguenta estar sozinho.
Tomam-se conselhos e comprimidos.
Procuram-se escapes e alternativas.
Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se.
Não se pode esquecer alguém antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada.
É uma dor que é preciso primeiro aceitar.
É preciso aceitar esta mágoa, esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados, se tivessem apenas o peso que têm em si: isto é, se os livrássemos da carga que lhe damos, aceitando que não tem solução.
Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença do que se padeceu. Muitas vezes só existe a agulha.
Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.
O esquecimento não tem arte.
Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças, na esperança de ele se cansar.
Porque é que é sempre nos momentos em que estamos mais cansados ou mais felizes que sentimos mais a falta das pessoas de quem amamos?
O cansaço faz-nos precisar delas.
Quando estamos assim, mais ninguém consegue tomar conta de nós.
O cansaço é uma coisa que só o amor compreende.
A minha mãe.
O meu amor.
E a felicidade faz-nos sentir pena e culpa de não a podermos partilhar.
É por estarmos de uma forma ou de outra sozinhos que a saudade é maior.
Mas o mais difícil de aceitar é que há lembranças e amores que necessitam do afastamento para poderem continuar. Afonso Lopes Vieira dizia que Portugal estava mal, que era preciso exilar-se para poder continuar a amar a Pátria dele. Deixar de vê-la para ter vontade de a ver.
Ás vezes a presença do objecto amado provoca a interrupção do amor.
E a complicação, o curto-circuito, o entaralamento, a contradição que está ali presente, ali, na cara do coração, impedindo-o de continuar.
As pessoas nunca deveriam morrer, nem deixarem de se amar, nem separar-se, nem esquecer-se, mas morrem e deixam e separam-se e esquecem-se. Custa aceitar que os mais velhos, que nos deram vida, tenham de dar a vida para poderem continuar vivos dentro de nós.
Mas é preciso aceitar.
É preciso aceitar.
É preciso sofrer, dar urros, murros na mesa, não perceber.
E aceitar.
Se as pessoas amadas fossem imortais perderíamos o coração.
Perderíamos a religiosidade, a paciência, a humanidade até.
Há uma presença interior, uma continuação em nós de quem desapareceu, que se ressente do confronto com a presença exterior. É por isso que nunca se deve voltar a um sítio onde se tenha sido feliz.
Todas as cidades se tornam realmente feias, fisicamente piores, à medida que se enraízam e alindam na memória que guardamos delas no coração.
Regressar é fazer mal ao que se guardou.
Uma saudade cuida-se.
Nos casos mais tristes separa-se da pessoa que a causou. Continuar com ela, ou apenas vê-la pode desfazer e destruir a beleza do sentimento, as pessoas que se amam mas não se dão bem, só conseguem amar-se bem quando não se dão.
Mas como esquecer?
Como deixar acabar aquela dor?
É preciso paciência. É preciso sofrer. É preciso aguentar.
Há grandeza no sofrimento.
Sofrer é respeitar o tamanho que teve um amor.
No meio do remoinho de erros que nos revolve as entranhas de raiva, do ressentimento, do rancor, temos de encontrar a raiz daquela paixão, a razão original daquele amor.
As pessoas morrem, magoam-se, separam-se, fazem os maiores disparates com a maior das facilidades. Para esquecê-las é preciso chorá-las primeiro. Esta é uma verdade tão antiga que espanta reparar em como ainda temos esperanças de contorná-la. Nos uivos das mulheres nas praias da Nazaré não há “histeria” nem “ignorância” nem “fingimento”. Há a verdade que nós, os modernos, os tranquilizados, os cools, os cobardes, os armados em livres e independentes, os tanto-me-fazes, os anestesiados, temos medo de enfrentar.
Para esquecer uma pessoa não há vias rápidas, não há suplentes, não há calmantes, ilhas das Caraíbas, livros de poesia- só há lembrança, dor e lentidão, com uns breves intervalos pelo meio para retomar fôlego. Esta dor tem de ser aguentada e bem sofrida com paciência e fortaleza. Ir a correr para debaixo das saias de quem for é uma reacção natural, mas não serve de nada e faz pouco de nós próprios.
A mágoa é um estado natural.
Tem o seu tempo e o seu estilo.
Tem até uma estranha beleza.
Nós somos feitos para aguentar com ela.
Podemos arranjar as maneiras que quisermos de odiar quem amamos, de nos vingarmos delas, de nos pormos a milhas, de lhe pormos os cornos, de lhe compormos redondilhas, mas tudo isso não tem mal. Nem faz bem nenhum. Tudo isso conta como lembrança, tudo isso conta como uma saudade contrariada, enraivecida, embaraçada por Ter sido apanhada na via pública, como um bicho preto e feio, um parasita de coração, uma peste inexterminável barata esperneante: uma saudade de pernas para o ar.
O que é preciso é igualar a intensidade do amor a quem se ama e a quem se perdeu.
Para esquecer é preciso dar algo em troca.
Os grandes esquecimentos saem sempre caros.
É preciso dar algo em troca.
Os grandes esquecimentos saem sempre caros.
É preciso dar tempo, dar dor, dar com a cabeça na parede, dar sangue, dar um pedacinho de carne (eu quero do lombo, mesmo por cima da tua anca de menina, se faz favor).
E mesmo assim, mesmo magoado, mesmo sofrendo, mesmo conseguindo guardar na alma o que os braços já não conseguem agarrar, mesmo esperando, mesmo aguentando como um homem, mesmo passando os dias vestida de preto, aos soluços, dobrada sobre a areia de Nazaré, mesmo com muita paciência e muita má vontade, mesmo assim é possível que não se consiga esquecer nem um bocadinho.
Quanto mais fácil amar e lembrar alguém – uma mãe, um filho, um grande amor – mais fácil deixar de ama-lo e esquece-lo.
Raio de sorte, ó lindeza, miséria suprema do amor. Pode esquecer-se quem nos vem à lembrança, aqueles de quem nos lembramos de vez em quando, com dor ou alegria, tanto faz, com tempo e paciência, aqueles que amamos com paciência, aqueles que amamos sinceramente, que partiram, que nos deixaram, vazios de mãos e cheios de saudades, esses doem-se e depois esquecem-se mais ou menos bem.
E quando alguém está sempre presente?
Quando é tarde.
Quando já não se aguenta mais.
Quando já é tarde para voltar atrás, percebe-se que há esquecimentos tão caros que nunca se podem pagar.
Como é que se pode esquecer o que só se consegue lembrar?
Aí está o sofrimento maior de todos.
O luto verdadeiro.
Aí está a maior das felicidades.”



Acordei agora, dia ensolarado, tempo frio, saudade do meu amor. Abri meu e-mail e me deparo com esse texto lindo de doer enviado por minha amada Maria Eduarda, de Orlando EUA. Coisa mais linda de ler e sentir essas palavras desse Miguel que eu nem sei quem é. Por causa dessa beleza que li é que digo que esse texto é leitura obrigatória para os que amam. Lindo, lindo, lindo!!!!!!

Duda, one more time and always, thanks! Love you!

Doug
Nada Como Viver
25 de Junho de 2011

quarta-feira, 22 de junho de 2011

-SOBRE LUANA PIOVANNI, INFLUÊNCIAS E EXEMPLOS -

"Luana Piovanni é exemplo." Essa manchete me chamou atenção ao abrir a caixa de e-mails hoje cedo. Quando dizemos que uma pessoa é exemplo, estamos lhe dizendo "você age de maneira exemplar, é um modelo a ser seguido". Aproveitando a notícia, quero falar um pouco sobre exemplos, influências e etc.

Nunca fui exemplo pra ninguém. Alias, nunca quis ser. Nunca emiti certificado de mais santo, mais certinho, mais qualquer coisa do tipo. As vezes que me distanciei ou me distancio da palavra de DEUS, deixo isso bem claro, pois basta uma escorregada pra alguém já apontar o dedo dizendo: " e isso porque é um cantor gospel falando isso ou fazendo aquilo..." (Cá pra nós, ninguém faz isso com um líder umbandista, hare Krishnas, ou qualquer outra religião... aff)

Sempre disse que antes de ser católico e antes de ser um cantor gospel, sou ser humano e com isso tenho as minhas vontades, meus desejos, e também não menos os meus erros.

Todos nós buscamos referências, pessoas que se tornam ícones por suas histórias ou condutas e que tenham coerência entre diálogos e atitudes. Buscamos pessoas que exerçam boas influências sobre nós, que melhorem nossos dias e agreguem valor à convivência. Sabendo disso, como permitimos que algumas pessoas se aproximem e deturbem o nosso modo de pensar? Como admitimos referenciais tão fajutos quanto uma nota de R$7,00? Pior, em que momento deixamos de ser o tipo de gente que influencia para o bem e começamos achar natural ser indiferente?

Se alguém me disser que eu tenho que agir como Bill Gates, Silvio Santos ou até mesmo como a Luana Piovanni de agora em diante, baterei firme na tecla de que esse não é o exemplo que eu quero seguir pra minha vida. Sou capaz de determinas de maneira mais criteriosa os meus referenciais. Mas porque tem gente que aceita que outros ditem quais exemplos dever ser seguidos? Porque aceitam pessoas que digam que não tem nada haver usar drogas, passar dias seguidos embriagados, trair, enganar, ser indiferente ao que realmente importa nessa vida?

Enfim, ao escolher as pessoas que são referencias pra mim em determinada área, preocupo-me muito mais com comportamentos e escolhas feitas do que com palavras que usam para demostrar valores. As ações falam muito mais alto do que qualquer discurso.


Doug
Nada Como Viver!!!
22/06/2011

terça-feira, 14 de junho de 2011

-SOBRE "DIA DOS NAMORADOS", AMORES E RECORDAÇÕES-


O meu "Dia dos Namorados" foi uma loucura!
Correria total, toquei de manhã, aniversário da minha sobrinha a tarde e ainda queria dar um pulo correndo no shopping pra comprar mais um presentinho pra ela.

Eis que no meio da minha correria, um casal de namorados pediu que eu tirasse uma foto deles. Não era qualquer casal, era o Xandy e a Iara. Eu os vi "crescendo" diante dos meus olhos na Paróquia São Miguel Arcanjo onde eu tocava todas as quintas na Missa dos Jovens. Disseram-me que aquele era o primeiro "dia dos namorados" deles e eles queriam tirar uma foto para registrar esse momento, pois foram apenas amigos durante vários anos!
Conversamos um pouco e eles me prometeram mandar a foto no meu e-mail, e agora que recebi, resolvi postar algo sobre isso aqui no blog.

Meu querido casal, o amor não precisa de datas ou fotos para ser lembrado. Amor verdadeiro não usa apenas a memória, quem ama não esquece pois o coração funciona melhor que calendário pendurado na parede. Quem ama não esquece o perfume, ainda que não saiba o nome da fragrância. Não esquece o sorriso, o gosto dos lábios, o calor do corpo, o som da gargalhada, o brilho do olhar. As juras de amor não são esquecidas, assim como a trilha sonora e pratos favoritos. Promessas sussurradas no ouvido jamais são apagadas.

O amor se sobrepõe aos clichês, aos romances bregas, limites, término, distâncias e incoerência.
O amor nos leva por caminhos diferentes a cada dia, nos aproximo do melhor que podemos ser e nos desafia a ser simplesmente mais que namorados - queremos ser almas que se completam, sem rótulos, sem definições, sem datas.

Jovens pombinhos, tenham em mente que a fotografia tirada naquele domingo (Dia dos Namorados) deve fazer muito mais do lembra-los do dia 12 de junho de 2011. Ela deve ser a prova concreta do muito que os une, do amor que é celebrado todos os dias, sem presentes e surpresas, com flores ou não... Fazer os 365 dias do ano, dia daqueles que amam, daqueles que não esquecem quanto é bom amar.

Feliz Dia dos Namorados todos os dias!!!

Doug
Nada Como Viver!!!
14 de Junho de 2011

quinta-feira, 2 de junho de 2011

-DESAPEGO-

Tentei escrever esse texto várias vezes. Digitei linhas e mais linhas, não gostei e apaguei. Desapeguei. Assim como tenho feito com várias coisas, situações e pessoas.

Dizem que o tempo cicatriza tudo. Acho que no meu caso mais do que cicatrizar, ele esfria, afasta. Percebo que não tenho mais aquela antiga necessidade de ler tudo, ouvir tudo e saber de tudo. Na verdade, acredito que se passar pelo desinformado é muito mais interessante do que achar que sabe demais, quando não se passa de mais alguém querendo atenção. Não, eu não sei de tudo. E não vejo mais problema nisso. Ninguém sabe tudo mesmo.

Não sei de tudo, mas sei de muita coisa que finjo não saber. Vi muita coisa que fingi não ver e ouvi muita coisa que preferia não ter ouvido. Mas e daí? Eu finjo que nada sei e não tenho problema nenhum.

Sabe, eu tava pensando e... Ah, deixa pra lá. Ando deixando tanta coisa "pra lá" ultimamente, que uma a mais ou uma a menos não vai fazer tanta diferença assim.


Doug
Nada como Viver!!!
02/06/2011