sexta-feira, 16 de julho de 2010

- A LIÇÃO FINAL -

Há algum tempo, falei em uma entrevista sobre os efeitos colaterais que a revista Caras pode causar em alguém que não esteja com as ideias no lugar. Hoje, me deparo com uma situação bem parecida. Não, eu ainda não surtei e tentei contra a própria vida por culpa da revista, mas estou lendo um livro que pode ser mais prejudicial do que ela. Trata-se de "A Lição Final", de Randy Pausch, que uma amiga minha ganhou de aniversário e adorou ler. Me indicou e, como eu não estava fazendo nada, eu topei.
Já adianto que não é muito a minha praia ler, mas quando se trata de indicação de Paula, eu até arrisco.
O livro é uma autobiografia desse cara ai, que descobriu aos quarenta e cacetada que só tinha mais seis meses de vida por conta de um câncer raro em estágio avançado. Ele é - ou era, sei lá - professor universitário, mora nos Estados Unidos, pai de três crianças e esse blá, blá, blá de novela mexicana. Depois do diagnóstico, ele decidiu dar uma palestra sobre a vida na universidade e escrever essa obra que tenho na cabeceira da cama, ou na minha bolsa de viagens por esses dias.

A história é bonitinha, cheia de metáforas, analogias, lições de vida e teoria. Quero ver praticar.

É, primeiro que eu DUVIDO que ele seja igual se descreve no livro. Se for mesmo, pode morrer feliz, porque vai para o céu sem escala, com direito a asinhas e auréola. Acho que nem Jesus Cristo foi tão santo. Sério, o cara descreve sua vida, desde a infância, como um conto de fadas. A sua família era perfeita, seus pais sempre fizeram as melhores escolhas, ele nunca precisou de nada e nunca teve problema. Nunca brigou em casa, nunca peidou na frente dos outros, nunca tomou um pé na bunda - muito menos um par de chifres - e nunca tomou um porre. Sua esposa se apaixonou por ele à primeira vista, ele era um galã e seus filhos são os futuros 'Einsteins. Ele era o mais inteligente e o mais popular do colégio.

E segundo, porque ele era rico. Não, eu não vejo nenhum defeito em ser rico. Acho ruim, sim, ser rico e arrotar isso pra quem quer que seja. Durante todo o livro - ou pelo menos até onde eu já li -, ele sempre cita "o meu Volkswagen conversível" ao invés de dizer "o meu carro", "meu veículo" ou "meu automóvel". Porra, eu lá perguntei o modelo do carro dele? Alguém perguntou? Vai fazer alguma diferença pra quem lê se o carro é conversível ou off-Road? Durante toda a narrativa, ele exalta o dinheiro, as viagens, os cinco continentes que ele já visitou, suas pesquisas sempre certeiras e sua habilidade sobrenatural para lecionar.

Em algum momento do livro, Pausch defende que todo mundo precisa ter sonhos. E mais, que todo mundo precisa realizar seus sonhos. Ele cita que quando era criança, sonhava em trabalhar na Disney, no setor de criação dos parques temáticos. E que depois de estudar no colégio mais caro da região, ele conseguiu. Que é muito bom realizar um sonho, enfim...

E a minha comparação do livro com a revista está justamente ai: neguinho que lê na esperança de conseguir dicas aceitáveis de como melhorar a vida ou realizar sonhos, termina o livro em depressão. É, ué... Se o extrato bancário não é gordo como o do autor, ESQUEÇA que você tem sonhos, amigão! O negócio é ter dinheiro. Se você tem, sonhe. Se não tem, acorde cedo e trabalhe!



P.S.¹: Eu ainda não terminei de ler o livro, o que já é uma demonstração do desinteresse que ele me desperta. E nem sei se vou terminar. Então, nem sei se o cara já morreu, mas nem sofro. Se um dia eu descobrir, conto pra vocês.

Doug
Nada Como Viver!!!
16 de Julho de 2010