quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

- ESCOLHAS II -

Recebi hoje muitos e-mails com comentários da minha última postagem aqui no blog e isso me fez voltar aqui hoje pra escrever novamente.

Eu acho que não nos é dada a opção de escolha em muita coisa em nossa vida.
Não podemos escolher em que momento da história nasceremos.
Não podemos escolher em que país ou cidade nasceremos.
Não podemos escolher quem serão nossos pais, irmãos e parentes.
Não podemos escolher que tipo de criação vamos ter.
Não podemos escolher se seremos ricos ou pobres.
Também não podemos escolher nada que seja relacionado à nossa herança genética:
A cor da nossa pele, dos nossos olhos, o tipo de cabelo que teremos, se seremos bonitos, o grau de inteligência, a predisposição à doenças, etc.
Já nascemos pegando o bonde da nossa vida andando. E rápido.

A partir de quando escolhemos?
A partir de quando decidimos?

Como já disse em algumas respostas de e-mail que as pessoas mandaram comentando do post “ESCOLHAS”, onde falo do filme Crimes e Pecados, foi terreno fértil para muitas reflexões. É amplo, sugestivo e interessante. Vou guiar para o lado que mais me toca.

Deixando o lado intelectual à parte, observo a constatação de Woody Allen no filme Crimes e Pecados:
“A gente é o que a gente escolhe ser, o destino pouco tem a ver com isso.”

Vou pedir então ao meu companheiro Aurélio que descreva para nós a palavra “destino”:
“Sucessão de fatos que podem ou não ocorrer, e que constituem a vida do homem, considerados como resultantes de causas independentes de sua vontade.”

Eu também concordo com Woody Allen e com o que seu filme busca transmitir.
O destino tem pouco a ver com o que nós nos tornamos, mas tem a ver.
Do momento em que nascemos até o momento em que realmente podemos tomar decisões sobre a nossa própria vida, ficamos dependentes do destino, da sorte, do acaso.
E até mesmo depois desse período, quando começamos a tomar as rédeas da nossa caminhada, esses agentes continuam interferindo em nós.
Começa aí o xadrez da vida.

Observo também a frase dita no filme “Crimes e Pecados” pelo personagem interpretado por Woody Allen:
“Nós somos a soma das nossas decisões”.

Lembro que estava no quarto de um hotel em São Paulo numa das minhas muitas viagens a trabalho à aquela cidade, e vi um texto que abria os créditos de um filme que acabara de ser exibido num dos canais da TV a cabo. Imediatamente anotei aquelas palavras no meu celular e desde então as leio sempre para amigos e as cito em algumas conversas. Tem a ver com o que estou escrevendo aqui. O engraçado é que vi apenas o final do filme e não pude entender a sua relação com aquele pequeno texto. Era um filme de ficção com monstros, efeitos, etc.
O texto:
“O caráter de um homem não vem da sua origem, da sua criação. Vem das suas escolhas. Não do modo como começa as coisas, mas sim do modo como as termina.”

À primeira vista esse texto pode até soar contraditório diante das primeiras linhas que escrevi nesse post. Pode aparentar ir de encontro ao pensamento sobre o período da nossa vida em que ainda não temos o poder da escolha. O período em que somos “criados” por nossos pais ou responsáveis. Isso porque há o costume de se pensar que o nosso caráter, a nossa personalidade, o nosso “jeito” é definido ali nos primeiros anos da nossa vida quando recebemos toda uma carga de influência do ambiente familiar.

É claro que isso colabora com a formação do que nos tornamos.
Mas não é o que determina o que nos tornamos.
Não é o que define a formação de um caráter.

Entre irmãos que tiveram a mesma criação e conviveram com um mesmo ambiente familiar, pode existir um médico, um traficante, um político, um assassino, etc.

Durante toda a nossa existência somos bombardeados pelo ambiente à nossa volta.
E isso nos modifica, principalmente nos primeiros anos da nossa vida.
Só que, a partir do instante em que entra em cena o livre-arbítrio, tudo pode mudar.

A partir daí nós começamos a jogar, literalmente, e sozinhos.
A partir daí começamos a avaliar, a decidir, a escolher, a definir.
E assim seguimos até o fim da nossa vida.
Jogando.

É o xadrez.
É o jogo das escolhas, das decisões, das estratégias, das encruzilhadas, da dúvida.
A maneira como mexemos as peças no tabuleiro do nosso dia a dia é que vai definindo o nosso caráter e aquilo que nos tornamos.
Essa maneira como mexemos as peças é baseada na análise e na interpretação que fazemos das nossas influências, dos fatos que vivemos, das pessoas e do mundo.
E o que constrói nossa capacidade de análise e assim define a nossa capacidade para jogar bem ou mal esse xadrez é um caldeirão de coisas que têm a ver com o destino, com as influências que recebemos durante toda a vida e com a maneira com que usamos o livre-arbítrio. Estão aí mergulhados nesse caldeirão as oportunidades, as dificuldades, o Q.I. (quociente de inteligência), a capacidade cognitiva, as tramas misteriosas do nosso subconsciente e muito mais.
A gente é mesmo o reflexo da maneira com que jogamos com o destino e com as nossas escolhas.

Assim, a gente é mesmo o que a gente escolhe ser.

E como o jogo só acaba quando vamos embora daqui, a gente vai sendo durante a vida o que escolhemos ser todos os dias.
Saibamos escolher então.

Doug
Nada como Viver!!!
29 de Dezembro de 2011