sábado, 8 de maio de 2010

- O INFERNO SÃO OS OUTROS??? -

Um dia desses, eu recebi dois e-mails que me chamaram atenção por serem muito parecidos. Vieram de duas amigas queridas, que escreveram pra mim.
Respondi os dois e-mails.
Coincidentemente, as duas comentavam sobre fatos relacionados a "OS OUTROS".
Fatos que as deixaram tristes, decepcionadas, e incertas quanto ao que fazer ou a como agir com aquelas pessoas.
Muitas vezes em nossa vida as ações de outras pessoas, sejam elas conhecidas, desconhecidas, colegas de trabalho, amigos, parentes, etc, podem nos fazer sentir dentro de um verdadeiro inferno dantesco.

Segundo Sartre, na sua quarta punição eterna, o inferno são os outros.
E são mesmo?
Em minha opinião, esta questão está muito ligada à liberdade individual.
Está ligado à liberdade que você concede a si próprio.
Está ligada a quão livre você se permite ser.
E se há algo nesse mundo que facilmente pode nos subtrair liberdade, esse algo se chama "
OS OUTROS".

Os outros sempre estão e estarão por aí.
Por ali.
Por detrás das portas e das paredes.
Na escuta.
Aqui do lado.
Alguns, até dentro de nós.
Bons, maus, honestos, desonestos, corretos, incorretos, curiosos, vazios, de tipos diversos.
Queira ou não queira, desde o dia em que desembarcamos aqui, são os outros que nos servem de espelho.
São eles que, junto à nossa herança genética, nos desenham, nos esculpem, nos definem.
É no embate que travamos a todo instante com os acontecimentos e com os outros, que somos impulsionados a escolher.
E é o resultado desse embate e dessas escolhas que escreve o que vamos nos tornando.
Sem os outros, subtraídos do nosso convívio, praticamente não seríamos.
Ou seríamos um grande vazio, um quase nada.
Um ser não sendo.
Temos que conviver com isso então.
Com esse pequeno inferninho.
Uma Divina Comédia, mas esta, sem o paraíso.

Segundo Freud, se a natureza humana (envolvida pelo obscuro, pelo imprevisível e pelo descontrole) não tivesse seus impulsos controlados pela sociedade, nós viveríamos em extremo perigo e a civilização não teria a menor possibilidade de existir.
Segundo ele, "dono de um permanente conflito entre forças antagônicas existentes em seu interior", o homem é um animal constantemente perturbado pelas obscuras intrigas irracionais promovidas em seu inconsciente. Já falei sobre isso aqui no blog. Estas forças são aquelas mesmas crianças traquinas, o id, o ego e o superego.
Somos todos, portanto, segundo Freud, uns neuróticos mantidos sob controle.
Neuróticos em vários níveis, pois não há um padrão único.
E pior, somos todos predispostos ao mal.
Dos outros, então, podemos esperar de tudo.
São com esses tipos que temos que conviver.

Como estamos todos incluídos nessa tipologia e nesse universo freudiano, o primeiro "outro" de quem devemos nos proteger somos nós mesmos.
Eu devo me proteger de mim mesmo em primeiro lugar.
Me proteger do meu próprio medo, da minha inconstância, da minha hostilidade, do meu egoísmo, dos meus desejos insanos, da minha curiosidade, etc.
Devo me proteger do que acho que não deve caber em mim.
Tendo feito isto, ou melhor, fazendo isto constantemente, posso começar a me proteger dos outros.

Se pararmos para observar, vivemos toda a nossa vida (ou parte dela, no caso dos mais atentos) preocupados com os outros.
Muitas vezes parecemos viver para eles, tão grande é a importância que damos ao que pensam e ao que falam a nosso respeito.
ACORDEM!!!!!
Viva a sua vida de acordo com a sua consciência.
Exerça o seu livre arbítrio.
E se precisar ser hopócrita, falso, omisso,
com aqueles que merecem, seja!
E seja feliz!


É claro que, para isso e antes de mais nada, você deve buscar a sua independência.
Para conseguir ser o dono dos seus próprios passos e libertar-se da constante vigília perpetrada pelos outros, primeiro você tem que conseguir andar apenas com as suas próprias pernas.
A partir daí você realmente consegue "
escolher".
E podendo escolher livremente, você
é.
O mais cedo que puder em sua vida, estude, trabalhe, conquiste sua autossuficiência.
Muita gente não tem a consciência de que o momento em que se consegue a independência própria é o nosso primeiro nirvana possível, a nossa libertação dos outros.
Daí vem tudo o mais que é de verdade.

Os outros podem sim ser o nosso inferno.
Só depende de nós.
ACORDEMOS!

Obs: Comprou um carro novo, uma nova casa?
Está muito feliz por algum motivo, está sorrindo por dentro?
Está amando como nunca amou apaixonado?
Ganhou na Mega Sena, herdou uma fortuna?
Tudo anda excelente com o seu trabalho, com a sua empresa, com os seus negócios?
Está mais do que feliz com os poucos amigos que tem?
Então não saia por aí alardeando estas coisas para o mundo.
Não ande por aí exibindo à toa o seu carro novo, o seu amor, o seu dinheiro, os seus amigos, a sua felicidade.
Guarde tudo isso pra você.
E para aqueles de quem você tem a absoluta certeza do amor, da amizade e da fidelidade.
Normalmente, a maioria dos outros odeiam assistir à felicidade alheia.

Doug
Nada Como Viver!!!
08 de Maio 2010