sexta-feira, 5 de novembro de 2010

-"MENAS LARANJA"-


Então tá.

Vamos começar este post assim:

Começando logo com a frase “começar com ESTE post”, porque se começasse com “começar com ESSE post”, já começaria errado, haja vista que o “ESTE” nos aproxima mais do sujeito da frase do que o “ESSE”. E antes que confundam o que escrevi e comecem a escrever “comecem” com cê cedilha, quero logo começar dizendo que “comecem” não se escreve com cê cedilha, apesar de que todo começo tem seu fenecer. E fenecer é com cê, não com cê cedilha, como é assim que tem que ser, desde o começo.

Comecei logo chato. Chatão. Muito chato. Bem chato. Logo quando comecei. Mas sem cê cedilha. Nem disfarces (que também se escreve sem cê cedilha).

Pra lembrar como chatas eram nossas aulas deliciosas de português. Que culpa tem (reforma ortográfica atuando e excluindo o bonitinho chapéu do vovô circunflexo do “têm”) nossas professoras de terem tentado nos ensinar a forma correta de utilizarmos essa nossa língua linda, falida e fadada à extinção? “Que culpa tem de terem” é massa, ótimo e correto, apesar de feio. Parece um gerente do BRADESCO que conheço. Massa, ótimo e correto. Mas feio que dói.

Assim como o tupi-guarani, o Jê, o Aruak, o Karib, a língua portuguesa está morrendo. Sobrevive aos trancos, barrancos e arranhões rascunhados dos poucos seguidores da vasta oferta disponível do nosso velho, difícil e arcaico português correto. Que não nos serve pra nada. Não garante emprego em lugar nenhum no mundo que não seja no Brasil – desnecessário no currículo inclusive pra ser presidente – ou em países fodidos da África ou pra ser dentista em Portugal.

A língua se transforma, como guelras que viram pulmões.

É assim, assim foi e assim será.

Neste momento ufanista em que vivemos, de glórias olímpicas e ocorrências de hidrocarbonetos nas sequências pré-salinas e pós-salinas nas nossas terras, deveríamos antecipar o fim inevitável da nossa língua moribunda que roça sensual com a língua de Luís de Camões e declarar, desde já, urgentemente, o uso liberto do brasilês.

Não à língua portuguesa já!

A reforma ortográfica foi muito acanhada. Vamos falar, escrever, utilizar, twitar, blogar, orkuta (se é que existe isso) com o nosso bom e honesto brasilês! Mais jovem, vigoroso, sucinto e adequado ao nosso povo sem livros, legendas ou estruturas educacionais.

Vamos inaugurar urgentemente a inédita, atrasada, a “já veio tarde” língua brasileira, ora, pois! Quem precisa neste mundo globalizado saber português?

A coisa mais ridícula que ouvi nestes últimos vinte anos foi que a música baiana iria um dia ganhar o mundo. Lamento desapontar vocês, profetas da língua, fãs dos ritmos baianos. A música baiana, assim como a carioca, a paulista, a mineira, a paraense ou a gaúcha NUNCA vai ganhar o mundo.

Estrangeiros nos ouvem falando como a gente ouve chinês ou japonês. Legendas em português são hieróglifos pra europeus e pro resto do mundo. Brasileiros sem inglês trabalham como empregados em outros países, porque os patrões, estes sim, espertos, sabem todos falar, no mínimo inglês.

A gente somos curíntians, sumpaulo, parmeras, framengo, fruminense, Baêa ou atrético, minha pôrra, entre outros, craro. Nós andemos de moto e derrubemos os retrovisô sem dó. A gente somos Brasil baronil. Quem lá quer saber o que quer dizer baronil? A gente somos é nóis e fudeu. A baía de Guanabara parece mesmo uma boca banguela no Rio ou nos Bororós. Somos cults, cut cuts e exóticos. O charme de sempre nos brazilian days.

Vamos adotar de vez nosso brasilês. O brasilês dos jovens que twitam. O brasilês do verbo twitar. O brasilês das menas laranja e menas plurais.

O brasilês que falemos e que corrobora com a falência do hábito de ler e escrever coisas mais interessantes que blogs.

Sem concordâncias, sem regras, sem literatura.

Sem Machados de Assis, Jorges Amados, Euclides da Cunha, Castros Alves, Caetanos, Chicos, Fernandos Sabinos ou Éricos Veríssimos.

O brasilês de Paulo Coelho representando o país ao lado de Lula gritando ‘”Urra” por nosso sucesso olímpico inédito. Aquele “Urra” estrondoso, mágico, estonteante, que cambaleia crianças e muda toda a estrutura política e econômica do nosso país medalha de ouro no quesito justiça, distribuição de renda e comprometimento ético.

Viva o brasilês! Minha pátria é minha língua. Deixemos os portugais morrerem à míngua. A mangueira fala!

Adoro os sotaques, os erros de português, a exclusão dos esses, das vírgulas , dos pontos finais. Acho bárbaro os vcs encurtando os vocês, os pqs encurtando os porques, os bjs encurtando os beijos, os MSNs e orkuts aproximando-nos a todos!.

Um país deste tamanho fala de norte a sul uma só língua. Viva aos jesuítas! Esse tal de Marquês de Pombal era um chato estraga prazeres.

Falo minerês. E oxente, uai, adoro também o baianês. O carioquês também. O gauchês, tchê, nem te conto. E o paulistês cheio de porrrrrtas e torrrtas.
Adoro o tí tí tí charmoso pernambucano. O floripanês gostoso, quase um gozo.

O maranhanês perfeito, apesar dos livros chatos de Sarney que eu nem li mas que acho chatos só por terem sidos escritos por ele. Você leu algum daqueles duzentos mil exemplares que foram vendidos? Conhece alguém que leu? Sabe de alguém que conheça “O

Outro Lado da História”?

Viva nossa língua brasileira! Que é tudo de bom. É fácil. É viva. É nossa.

É tudo, “menas” língua portuguesa, bichinho.

É nóis!

Urra!

Brasil, sil, sil sil, sil… (sem Z, please)


Doug
Nada Como Viver!!!
05 de novembro de 2010