sexta-feira, 27 de agosto de 2010

- UMA ESMOLA, PELO AMOR DE DEUS! -

Hoje tinha tudo pra ser uma sexta-feira normal: muito trabalho - (sério, tenho trabalhado tanto, que mal estou encontrando tempo pra "twittar" durante o dia) -, almoço com amigos e curtição de sexta a noite... Sim, sai para trabalhar hoje depois de ter chegado em casa ontem super cansado após a correria toda do dia e a missa que tocamos na São Miguel.

Chegando ao meu trabalho, passei na farmácia pra comprar alguns objetos de higiene pessoal quando, ainda no caminho próximo a farmácia, um senhor veio falar comigo. Magro, alto e um pano na cabeça. Na hora eu pensei: "pronto, me fodi! Vai me roubar, levar até minha cueca, me esfaquear e me deixar aqui sangrando. Qual o número do SAMU mesmo?". Mas mantive a calma e procurei ouvir o que ele tinha a me dizer.

Posso falar? Antes ele tivesse mesmo me assaltado, levado a minha cueca e me esfaqueado. Pelo menos amanhã eu estaria estampado no "Super Notícia" - o jornal mais vendido do Brasil, comercializado aqui em BH e região por vinte e cinco centavos. O típico jornal que se torcer, sai sangue -, entraria pras estatísticas de violência na região metropolitana. Mas não, o cara veio com um papo que estava com dificuldades financeiras, que estava passando fome e que não tinha almoçado ontem e nem jantado, pras filhas poderem comer. As filhas, menos a mais nova, que tem alergia à comida e só pode tomar água e Leite NAN. Gente, o cara disse que a filha tem REFLUXO quando come outras coisas. Sério, o mendigo gastou o português dizendo "refluxo". Na hora, senti uma vibe "Fantástico" no ar -(ontem mostraram uma reportagem com crianças alérgicas que só podem tomar esse tipo de leite)- e continuei ouvindo aquela história sem a menor criatividade.

Entrei pra drogaria, separei o que eu estava precisando e, só por curiosidade, fui olhar o preço da lata do tal leite que a filha do cara precisa. Quarenta reais!!! Será que ele estava me achando com cara de patrão? Logo eu, um simples comprador de uma construtora e vocalista de uma banda gospel?! Não é possível, né?! Ou vai ver me confundiu com o Renato Aragão e me achou com cara de embaixador da UNICEF e do Criança Esperança, só pode!

Descartada qualquer possibilidade de comprar o que ele me encomendou, paguei as minhas coisas e fui seguindo meu caminho. Ele estava longe quando me viu saindo da farmácia e correu pro meu lado. Quando eu disse que não tinha comprado o leite, achei que aquela seria a hora do esfaqueamento. O cara me olhou com sangue no olho, tipo "mendigo with laser". Fiquei só esperando a hora que ele fosse voar no meu pescoço ou enfiar a faca no meu bucho, mas pra minha sorte, ele só deu uma resmungada e saiu de perto. Caso contrário, não estaria aqui contando isso pra vocês.

No caminho de volta ao o meu trabalho, tava me achando um criminoso por não ter comprado o leitinho "pras criança" do cara e uma dúvida não saía da minha cabeça: qual a lei que me obriga a dar esmola, hein?!

Doug
Nada Como Viver!!!

27 de Agosto de 2010